Psicologia da Adolescência


A adolescência compreende formalmente o período entre 12 e 18 anos, consistindo no processo de relações interpessoais em que o respectivo sujeito faz o movimento de transcendência (ultrapassamento) da infância para a idade adulta: como expressa o modelo científico descritivo, buscado na Astronomia, pelo que se ocupa dos astros em órbitas circulares ou elípticas. O jovem estende após si o período vivido ao amparo, cuidados e responsabilidade plena dos adultos de seu sociológico familiar de gênese como, ao mesmo tempo e nos mesmos termos, avança pelo campo de possíveis em que se objetiva sua vida adulta por antecipações. Fase das muitas encruzilhadas, caminhos por seguir, outros por deixar, perfis por definir (gênero, relações amorosas, orientação profissional, tantos mais); provocações diversas, às vezes adversas, outras perversas (álcool, drogas, violências, muitos descaminhos possíveis). E a necessidade indescartável (antropológica, sociológica, psicológica) de fazer-se sujeito titular do seu ser-no-mundo, ao fundo por risco e conta: em expressa, incontornável liberdade de eleição-de-ser, como a todos nos ocorre enquanto existimos entre os outros e as coisas, no meio do mundo de todos os dias. Apreensões, tensões, ansiedades, receios matizam os sonhos, ponderam as esperanças em pais e filhos: estes na preocupação de deixar o ninho de tantos carinhos e zelos, no medo muitas vezes de perder a mediação daqueles que os trouxeram ao mundo e os conduziram até então; aqueles (os pais) não menos alcançados em seus afetos, suas emoções, sentimentos.

A Psicologia de consultório volta-se para esse fenômeno complexo, as pessoas nele envolvidas: com esclarecimentos científicos, orientações existenciais, profissionais, assistência psicológica e, conforme o caso inclusive, para oportunizar superação de direcionamentos indesejáveis ou inconvenientes, articulando ao projeto existencial em definição com o desejo-fundamental-de-ser desenvolvido ao longo da infância, conforme o horizonte do sociológico familiar de gênese ou presente então. O trabalho terapêutico, sempre com pleno conhecimento e acompanhamento pelos pais, titulares do processo ao fim das contas, realiza-se em sessões individuais ou de conjunto, conforme as necessidades científicas de cada caso, em seus momentos diversos.
 
Pedro Bertolino (Silva)
(Pesquisa e redação)